sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Haiti denuncia tráfico de órgãos e crianças; EUA prometem ajuda

Fonte

da Folha Online

Os Estados Unidos afirmaram nesta quinta-feira que vão trabalhar com o governo do Haiti e organizações humanitárias para proteger as crianças que ficaram órfãs ou foram separadas dos pais pelo terremoto do último dia 12. A ajuda vem um dia depois do premiê haitiano, Jean-Max Bellerive, denunciar o tráfico de crianças e de órgãos no país após o tremor.

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"Nós temos preocupações com os traficantes, nós temos preocupações com os pedófilos", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, P.J. Crowley, citado pela rede de TV CNN.

"Nós vimos alguns casos nos últimos dias. Então isso é algo no qual estamos trabalhando coletivamente com estas organizações que estão ativamente tentando ajudar crianças, pessoas no local, para estarem alertas a este tipo de perigo".

Crowley afirmou ainda não ter conhecimento de que qualquer criança haitiana tenha sido trazida ilegalmente os EUA. Os EUA, assim como Espanha, Holanda e França, decidiram depois do terremoto acelerar os processos de adoção de crianças haitianas já aprovados.

Ele lembrou também que a polícia haitiana já tem brigadas de proteção a crianças antes mesmo do tremor. "Obviamente, estamos trabalhando com elas, mas também tentando suplementar a capacidade no local".

Em entrevista à CNN na quarta-feira (27), Bellerive afirmou que "há tráfico de órgãos para crianças e outras pessoas, porque existe uma necessidade para todo tipo de órgãos".

O primeiro-ministro haitiano não deu detalhes, mas quando a jornalista Christiane Amanpour perguntou se também há tráfico de crianças, Bellerive respondeu: "As informações que eu recebi dizem que sim".

Vulneráveis

As crianças representam 45% da população haitiana e estão entre os grupos mais vulneráveis dos sobreviventes do terremoto do último dia 12.

Embora não haja um número oficial, a ONG Save The Children estima que haja 1 milhão de crianças órfãs, desacompanhadas ou que perderam ao menos um dos pais no terremoto. Muitas delas agora vagam nas ruas de Porto Príncipe em busca de comida e de algum familiar.

Segundo Bellerive, o tráfico de crianças é "um dos maiores problemas que temos". O primeiro-ministro declarou que está trabalhando com as embaixadas em Porto Príncipe para proteger as crianças dos traficantes.

Jean-Claude Legrand, assessor de proteção da infância do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), disse na semana passada que o tráfico de crianças já existia no Haiti antes do terremoto, com vínculos com redes internacionais de adoção ilegal.

Os traficantes, contudo, aproveitam tragédias como o terremoto para roubar crianças que ficaram órfãs ou cujos parentes ainda não foram encontrados.

O Unicef já expressou sua preocupação com a saída de crianças supostamente órfãs do Haiti sem contar com a documentação adequada ou sem que os trâmites legais de sua adoção tenham sido concluídos.

O Unicef falou inicialmente sobre 15 crianças sequestradas em hospitais haitianos, mas depois disse que precisava confirmar esse número.

Na terça-feira (26), diferentes organizações do norte da República Dominicana disseram que o trânsito de crianças haitianas para cidades do país após o terremoto é alarmante.

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