terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

‘Quando vi, ônibus já estava tombando’, conta motorista que teve carro atingido

Silas Moreira escapou do pior apenas com um olho
roxo e um corte no rosto;o fiat Strada ficou destruído
depois de ser atingido pelo ônibus (Foto: Marcelo Mora/G1)


Os dois motoristas que tiveram seus carros atingidos por um ônibus de viagem que perdeu o controle em uma curva no km 69 da Rodovia Fernão Dias, na região de Mairiporã, na Grande São Paulo, no início da tarde desta terça-feira (2), demonstravam um certo alívio por terem escapado do pior, apesar do susto enorme. Os relatos dos dois são bastante parecidos: de repente, um ônibus surgiu na frente, na contramão, e não houve tempo para mais nada.

Oito passageiros do ônibus morreram. O motorista da Viação Atibaia será indiciado por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Ele foi preso em flagrante e poderá, se condenado, pegar de 6 a 12 anos de reclusão, segundo o delegado Antônio José Pereira, titular de Mairiporã, na Grande São Paulo.

O técnico agrícola Silas Moreira, de 34 anos, pode se considerar o mais sortudo dos dois motoristas dos carros. O Fiat Strada que ele conduzia foi o primeiro a ser atingido de frente pelo ônibus e ficou praticamente destruído. Silas, contudo, exibia apenas um olho roxo, o direito, e um corte no rosto.

Ele contou que seguia pela faixa da esquerda, a cerca de 70 km/h, e que não teve tempo para desviar do ônibus. “Eu estava fazendo a curva normalmente. Quando vi o ônibus, já tinha invadido cerca de um metro a pista, já estava tombando. Veio rápido e me pegou de frente. Se eu estivesse mais rápido, tinha passado por cima de mim”, contou.

De acordo com ele, o seguro do carro está vencido. Mas Silas não tem do que reclamar. “Depois do que aconteceu, a gente ainda está meio assustado, meio sem entender. Mas tinha tantas vítimas graves aqui que não dá nem para reclamar do que aconteceu com o carro. Pelo menos, eu estou andando, eu estou bem”, festejou.

Depois de bater no Fiat Strada, o ônibus abalroou ainda um caminhão com uma carga de gesso e um outro veículo de passeio, um Toyota Corolla, que era conduzido pelo gerente de fazenda Adelson Oliveira, de 38 anos. Além dele, estavam no carro a mulher, de 43, a cunhada, de 36, a filha, de 15, e o filho, de 13 anos.

'Só vi a hora que o ônibus passou por cima da mureta
e veio para cima de nós', relembra Adélson Oliveira,
ao lado do filho Samuel, que escapou
ileso (Foto: Marcelo Mora/G1)


De todos, apenas a adolescente, que estava sentada do lado esquerdo, atrás do motorista, se feriu com um pouco mais de gravidade. “Ela estava sentindo muita dor na perna e parece que quebrou o punho. A minha cunhada também se machucou. Minha mulher as acompanhou até o hospital, mas nem sei para onde foram levadas”, contou Adelson, que seguia de Belo Horizonte até São Paulo.

Assim como Silas, Adelson e a família escaparam por muito pouco. “Eu só vi a hora em que o ônibus passou a mureta e veio para cima de nós, tombando. Atingiu um carro na nossa frente e eu tentei sair dele, mas não lembro de mais nada”, disse. Apesar de a filha e a cunhada ficarem feridas, Adelson tinha motivos de sobra para comemorar. “Eu vivi de novo. Se o ônibus tivesse tombado em cima de nós, já era”, finalizou.


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